Eu entrei na Umbanda por uma dor, uma necessidade, e foi nela que me encontrei
"Que os Orixás o amparem, protejam e deem forças frente às demandas que se ergam em sua vida."
Dulce Joselita da Silva Coelho hoje com 52 anos de idade, descobriu aos 8 anos que era doente, sentia muita dor nas costas e também foi comprovado através da medicina que na época ela tinha um rim podre, hoje chamado de insuficiência renal, podendo ser aguda ou crônica, a insuficiência renal aguda, pode ser fatal e por isso requer um tratamento intensivo.
Os pais de Dulce na época procuraram muitos médicos, para entender o que era a causa e por que aos 8 anos Dulce estava doente, e em meio a isso foram feitos muitos exames, foram procurados muitos médicos, mas, foi um médico chamado Dr. Enio, hoje falecido, mas que na época atendia em Frederico Westphalen, que disse que ela não tinha nenhuma doença e que os pais deveriam levá-la até um centro de Umbanda. Porém, na época seus pais relutaram em levá-la, pois não acreditam em tal crença.
Os pais de Dulce, sempre se consideraram católicos e frequentavam junto à filha, a igreja católica. Inclusive, como conta Dulce sua mãe até fazia parte da Legião de Maria. Logo, quando o médico indicou que procurassem um centro de Umbanda eles relutaram e não quiseram de início procurar, até pela questão do preconceito existente para com essa. Foi somente quando ela tinha de 11 para 12 anos, que decidiram ir atrás de procurar entender o que Dulce tinha e buscar uma solução para a filha doente.
Quando foram até o centro de Umbanda, foi identificado que ela era médium, e, portanto, precisava trabalhar fazendo o bem para o seu próximo. E foi o que fez. Começou a trabalhar na Umbanda e a desenvolver a parte espiritual. Isso passou a lhe fazer muito bem. Três meses depois, através de exames de sangue, se foi comprovado que ela havia melhorado.
Ela conta que demorou um pouco para compreender tudo o que se passava, pois ainda era muito nova, mas que no momento em que foram até o centro de Umbanda, tanto ela, como os pais e os irmãos, começaram a trabalhar, e isso os fez muito bem, tanto que permanecem na trajetória até hoje. Nesse tempo Dulce trabalhou em diferentes centros, até mesmo com seus pais durante anos, mas foi a partir do ano de 2004 que lhe foi dada a oportunidade de ser mãe de santo, coordenadora de um centro de Umbanda da cidade de Frederico Westphalen, e permanece até hoje nessa caminhada, buscando sempre fazer o bem ao seu próximo.
SURGIMENTO DA UMBANDA
Para entender como surgiu a religião, é necessário entender primeiramente, que a Umbanda não era vista como modalidade religiosa, e que, o termo não passa a ser visto como tal antes de 1904.
A Umbanda foi enxergue como religião quando o caboclo das Sete Encruzilhadas, que se manifestou no médium Zélio de Moraes, dia 15 de novembro de 1908, foi anunciado em uma sessão kardecista o início da nova prática religiosa.
Zélio de Moraes com 17 anos passou a ter problemas mentais, que fizeram com que a família o encaminhasse para um hospital psiquiátrico. Mas os médicos não identificaram nada a partir dos sintomas que ele manifestava. Para tanto, foi sugerido à família que o levassem a uma igreja para um ritual de exorcismo. Novamente não resultou em nada. Então, após ser levado até uma benzedeira, ela identificou que Zélio possuía o dom da mediunidade, e recomendou que procurasse trabalhar fazendo caridade para com o seu próximo. (Oliveira, 2013)
Para buscar entender melhor sobre o que a benzedeira lhe disse, Zélio foi levado até a Federação Espírita de Niterói. Onde foi convidado a participar de uma sessão, quando um espírito incorporou em seu corpo e espíritos índios e pretos manifestaram-se também em vários outros médiuns.
Então no dia seguinte, na sua casa de Zélio (que agora havia entendido que era médium) se faziam presentes membros da Federação Espírita, parentes, amigos, vizinhos e presenciando do lado de fora um grande número de desconhecidos para entender o que ali iria ocorrer.
Naquele dia 16 de novembro de 1908, as 20 horas, o caboclo manifestou-se no corpo de Zélio de Moraes e disse que “naquele momento daria início um novo culto, no qual os espíritos de africanos e de índios poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados e disse, também, que a nova religião se chamaria umbanda.” (Oliveira, 2013, p. 5). Quem a criou foi o caboclo das Sete Encruzilhadas que recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, pois essa seria uma Tenda de acolhimento para que todos os que precisassem e recorressem a ela.
Por existirem algumas discordâncias nas informações apresentadas, acredita-se que não se possa ter certeza que de que fato foi Zélio de Moraes quem fundou a Umbanda e que essa história seja totalmente verdadeira e que não possa quem sabe ser até mesmo um mito. Mas, para um grupo significativo de umbandistas, a data onde supostamente ocorreu o surgimento da religião, teria marcado uma importante separação entre a macumba e a umbanda. Pois, as duas já foram relacionadas como iguais. Porém, a macumba estava relacionada com o “baixo espiritismo”, que pode nem sempre significar a prática do bem, e de objetivos íntegros. Já, “o espiritismo de umbanda” teria como motivo principal, o amor ao próximo e a prática da caridade. (Oliveira, 2013)
É relevante mencionar que mesmo um século depois de ter dado início a Umbanda, ainda existe um grande preconceito, onde um dos motivos é a relação que ainda é feita da Umbanda relacionada à Macumba, Mas, que como se pôde observar que são diferentes, e possuem objetivos que diferem uns dos outros.