É um sentimento de paz
"Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade."
— Allan Kardec
Katia Zardo é professora do Instituto Federal Farroupilha campus Frederico Westphalen. Uma pessoa comum que sofre de uma doença séria que por muitas vezes passa como algo banal na nossa sociedade: Depressão.
A primeira vez que Katia sofreu com esta doença foi em 2004 durante a graduação, onde ela sofreu um assalto e em consequência deste fato passou a ter crises de pânico, tudo aconteceu dias antes do fim do ano letivo. Por não conseguir fazer as provas Katia reprovou e acabou perdendo o mestrado.
É a quarta vez que ela tem reincidência com a doença, ou seja, que por determinados fatores, no caso de Katia alguns situações de estresse, esgotamento emocional e trabalho excessivo fazem com que os sintomas de depressão voltem.
No caso dela, não são somente dores emocionais, pois a mesma também sofre de dores físicas, como por exemplo, dores de cabeça, dores no corpo e crises de amnésia.
Um dos fatores que contribuiu muito para que Katia conseguisse lidar com os sintomas de depressão foi segundo ela a doutrina espírita, muito do estudo, do trabalho de amor e caridade realizada na casa espirita, bem como todo amor recebido pelos demais trabalhadores, contribuiu para alavancar a melhora dela.
Apesar de ser final de semestre e consequentemente um momento com muitas tarefas, o que faria com que alguns sintomas que desencadeiam a depressão em Katia voltassem, a mesma afirma que ela está tão bem que não consegue se sentir esgotada, graças a fé na doutrina espírita em conjunto com o acompanhamento psicológico.
-“Nas quartas-feiras quando venho para cá (casa espirita), mesmo tendo trabalhado o dia inteiro eu não venho por obrigação e sim por prazer. É um sentimento de paz”.
“A doutrina espírita é a minha vida e sei que quanto mais eu evoluir moralmente menos crises vou ter”
-Kátia Zardo
Na Europa do século XIX, mais precisamente nas terras francesas, mesas se mexiam e vozes estranhas eram ouvidas, e neste cenários pessoas se reuniam para observar aqueles fenômeno estranho. E apesar de gerar um grande divertimento para muitos, para outra parte das pessoas aquilo tudo era um grande enigma. Aquele fenômeno reunia pessoas de todas as partes da Europa em busca de mensagens, até então desconhecidas. Naquele momento entre dois polos: o da religiosidade mística e as ideias cientificistas e positivistas (ARRIBAS, 2008), encontrava-se Allan Kardec, reconhecido como o codificador, ou seja, o espirita.
Ele não pretendia contrariar as descobertas da ciência, no entanto, não ficou silenciado sob a onda espiritualista que estava presente no momento. Kardec parte da ideia de que fenômenos sobrenaturais não existem, o que sustenta a sua teoria. Sendo assim “o espiritismo poderia ser enquadrado como uma nova ciência [...], uma vez que o seu objeto não era a matéria, mas o espirito” (ARRIBAS, 2008). Contrariando as suposições sobre a presença de espíritos na época, Kardec desfez a ideia de mistério e levou a discussão para o campo da ciência.
Após essa pequena introdução sobre a Doutrina Espirita, passamos para a entrevista realizada com Kátia Zardo, parte integrante da casa espirita Allan Kardec de Frederico Westphalen. No entanto, é necessário destacar que a divisão de cargos, como o de presidente, vice-presidente, tesoureiro, etc, existe por uma questão burocrática. O trabalho em si é feito com base na união, há sempre muito dialogo antes de tomar uma decisão.
Kátia já frequente a mais de 10 anos casas espiritas, porém, a sete anos ela começou a estudar a doutrina, no início na Sociedade Espirita Joanna de Ângelis e agora na Sociedade Espirita Allan Kardec, ambas casas espiritas federadas. Nestes casos, por serem federadas elas seguem as normas da Fergs (Federação Espírita do Rio Grande do Sul) e da FEB (Federal Espirita Brasileira). Quando ela começou a trabalhar em Frederico, conta que só havia uma pessoa trabalhando na casa, e foi com muito trabalho e amor que foi possível reerguer a casa, sendo que hoje possuem até uma biblioteca, que conta com um vasto número de livros.
Katia ainda salienta que desde que chegou em Frederico Westphalen ela percebe que o preconceito da população para o Espiritismo tem diminuído bastante. Percebe-se isso pois muitas pessoas os procuram na Feira do Livro que ocorre no município.